Vazio silêncio

| 13/02/2010 | |

Houve dias em que o vento sussurrou coisas, doloridas, amargas. Houve épocas de profundos desgostos, labutas, trevas... Onde um mar estava tão revolto a ponto do meu pequeno barco ir quase a naufrágio, onde todos aqueles castelos se desfizeram com o vento, nada mais restara do que singelas lágrimas para restaurar e molhar o barro para moldar novos castelos.
Não é a morte o que assusta o ser humano, não mesmo, o que mais assusta é a vida: é nela que acontece o feitiço, a magia e até o declínio. Às vezes olho pro céu em busca de elos que me una a tudo quanto quero esquecer e que insiste em sobreviver ao meu veneno do despojar. Voar com está chuva é uma loucura, mas estou bem firmado em um galho e nele eu sei que posso descansar e caso este me falhe, sei que ainda possuo asas para não ir de encontro ao chão.
Sinto-me preso nesta terra, neste espaço, esfera... Um círculo viciante de culpa, e quando do topo avisto o mar, eis que o topo se aplaina e me traz ao mesmo nível de onde parti. Que vida, que incerteza... Saio para a rua e só vejo olhares, olhares de projeções... de simples formação e não informação. Será que realmente importa, quando ninguém mais se importa? Vale a pena valer, quando você não vale? Será que compensa o risco se você está neste barco e tem medo de nadar no mar revolto?
Simploriamente ouço o silêncio e ele me força a crer que algo será dito, que por mais que eu não escute o coração continua a bater, pulsar, sangrar e escoar todas as angústias...  O silêncio grita e é isso que me assusta... Não é o vento ou o seu cantar e sim o silêncio da montanha inatingível; Alta, perco o ar, o fôlego, o espírito e vivacidade. Mas ainda ele está aqui, este silêncio opressor, confunde-me... Brinca como se eu fosse um rato nas mãos do gato a ponto de ser devorado achando que tudo é um simples flerte!
Dá-me capacidade do vazio da montanha, do estreitamento do vale, das águas gélidas dos pólos... Pra que quando a aurora mostrar-se eu possa apenas escutar meu coração em meio a todos os rugidos de leões. 

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