Meu Epitáfio

| 24/06/2010 | |
É engraçado quando você está só, quando não há vozes ao seu redor tentando dizer o que você é ou deveria ser, é meio bobo, insano como o tempo parece se arrastar no seu próprio e metódico silêncio. E quando o sal vira açúcar e este por sua vez, quase comparável com o mel torna-se fel... E quando o silêncio pode ser quebrado, burlado, pelo som da lágrima que cai.
Estranho não? A vida tem lá suas doces verdades, mais doces que essas verdades é o dissabor, este que te fazia voar com uma assa só, pois a outra estava ocupada demais tentando tocar o coração do vento. Loucura define a vida, não vivemos apenas porque é bonito, porque é bom, mas sim porque somos abrigados, até mesmo para a morte somos covardes... Tememos a vida, mas não nos arriscamos nela, podemos até tentar antecipar a morte, mas o maestro da vida, bate a batuta e faz você voltar ao mesmo compasso de sempre, como se nada mais fizesse sentido do que a valsa que uma hora tem sua parte calma e em outra a sua fuga extraordinária!
E toda essa relação humana é de enojar, não? Quanta hipocrisia em um sorriso. Vivemos por viver, muitas vezes como se o sorriso fosse algo obrigatório em um “bom dia”. Queremos delegar, ser algo que marque, que fixe nossa maior característica no mundo, dizemos: Eu não sou orgulhoso, mas não posso te perdoar; Eu não tenho preconceito, mas meu filho nunca será gay! Onde vivemos? O que estamos construindo, se não, um mundo de sorrisos forçados e abraços falsos!
O silêncio me abraça, conforta-me, só eu e meu eu, minhas palavras soam como uma música na qual a vida não tem o poder de controlar, aqui o castelo fica azul quando quero, o príncipe volta ao posto de sapo, as princesas caem da sacada e tudo quanto posso imaginar a vida não impedirá aqui dentro! Parece que estou gritando calado, estou pulando deitado, estou falando mudo sendo...
É uma contradição viver e continuar vivendo, lutar e não chegar, mas continuar a lutar, ouvir um eu “te amo” e acreditar firmemente que nada nem ninguém irá te separar do ser amado. É doce sonhar e, sonhar é inerente a vida. Neste palco somos nós que construímos, tropeçamos, caímos, nos recompomos, empinamos nossos narizes e fingimos que nunca pisamos na lama e afundamos o pé! Casei da perfeição da vida, quero a obsolescência, quero algo que o mundo não inventa, quero gritar dentro de mim, tudo que preso está... No externo não há nada a não ser o silêncio dos que não se importam, então porque gritar para eles se só quero ouvir dentro de mim?

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